Como cheguei na cozinha sem glúten?

Sou da geração que cresceu quase bilíngue e sonhando com uma carreira em empresas multinacionais. O sonho foi alcançado. Tive uma excelente carreira como Secretária de Diretoria e Presidência em grandes empresas, excelentes salários, plano médico do Nível mais Top existente, benefícios de cair o queixo, além dos bônus gordos no final de ano, 13º, presentes e os restaurantes chiquérrimos da Faria Lima – foram anos de glória!!!

Mas, desde a adolescência estive na cozinha, sempre preparando doces. Meu prazer era assistir os programas de culinária, anotar as receitas e ir já no dia seguinte testar. Todos os dias (todo santo dia) tinha um doce diferente em casa. Lembro que meu primo passava por lá perguntando: “o que você fez hoje”? Além das amigas e vizinhos. Sempre tinha um bombom, um bolo ou um sonho de padaria. Passei a anotar os contatos das culinaristas que iam na TV e procura-las para participar dos cursos. Haviam semanas que eu ia de segunda à sexta, cada dia um curso diferente, rsr, era uma terapia! Dias desses, me perguntando em qual época da minha vida eu fui mais feliz, foi essa época que me veio a mente. Como eu era feliz na minha cozinha preparando doces (muito mais do que nos restaurantes chiques da Faria Lima, rsr, apesar de ter curtido muito também!)

Há 05 anos, enfrentei um seríssimo problema de saúde. Fiquei internada semanas em um dos hospitais mais caros de São Paulo (o meu plano médico da época corporativa era TOP, lembram?) e saí de lá sem nenhum diagnóstico. Tempos depois, cada vez pior, e consultando sempre os melhores médicos existentes (consultas na época no valor de R$800,00, mas o plano médico reembolsava, era TOP, rsr), cheguei no diagnóstico de esclerose múltipla. Meu mundo caiu, logo me desesperei e comecei a focar na doença, ler tudo sobre a doença, doença, doença, e fui piorando cada vez mais, até chegar a perder o movimento das pernas. Chegou um momento que eu decidi não me render a doença, resistir, e lembrei que a Bíblia diz que devemos focar somente no que é “bom, amável, justo e verdadeiro”, foi então que decidi deixar o foco na doença de lado e focar na CURA. Esclerose Múltipla, uma doença auto-imune, degenerativa, que não se sabe a causa e ainda não se sabe a cura. O tratamento baseia-se em tomar o medicamento para o resto da vida, buscando controlar os surtos e o desenvolvimento da doença. Minha mãe e eu acreditávamos que não existe isso de não se saber de onde veio e que se descobríssemos a causa, descobriríamos a cura. Um belo dia, assistindo um Programa de TV, havia uma nutricionista falando sobre a ligação do glúten com doenças auto-imunes. Foi numa quarta-feira, no sábado já estávamos no consultório dela. Bom, a história ainda é bem longa, mas foi nesse momento da minha vida que eu comecei a excluir o glúten da dieta.

Mas, como sobreviver com meus desejos de gordices? Foi nesse momento que eu fui pra cozinha com o conhecimento que eu já tinha sobre confeitaria, desenvolver delícias para o meu próprio consumo, em conjunto com minha mãezinha que se esforçava ao máximo para suprir os desejos da filhinha querida que estava deprimida por não poder comer “mais nada”. Esses dias, tínhamos um monte de delícias em casa, depois de um curso, minha mãe olhou pra mim e disse: “lembra do dia que você disse revoltada que não poderia comer mais nada, só batata? Fiquei tão triste naquele dia, cheguei a chorar com dó de você. Mas veja hoje, olha pra essa mesa, veja quanta coisa você conseguiu desenvolver, melhores até do que os doces com glúten”. Sim, sobre a questão da doença, 01 ano após excluir o glúten 100% da dieta tive regressão total e alta de todos os acompanhamentos. Há 02 anos estou totalmente livre, nunca mias retornei pra nenhuma consulta que seja, nem preciso mais do medicamento. Doei todos os que eu tinha ainda aqui. Isso não quer dizer que todas as pessoas portadoras de esclerose múltipla desenvolveram a doença em razão do consumo do glúten, mas pode ser – fazer um teste com a exclusão do glúten da dieta vale super a pena! Ah, os médicos tradicionais nunca aceitaram essa versão, essa ligação com o glúten, me deram alta dizendo que meu caso “é muito estranho”.

Com o sucesso das receitas sem glúten, comecei a desenhar um projeto para comercializar essas receitas pensando em atender as pessoas que passavam pelo mesmo problema que eu, sem poder comer coisas tão gostosas e saborosas. Na época o glúten não estava na “moda” como hoje e eu queria muito que todas as pessoas pudessem ser tão felizes quanto eu com meus bolos. Foi então que fundei a Sam Cakes (que no início se chamava Não Contém Glúten) vendendo doces, bolos e salgados para celíacos e alérgicos a proteína do leite com todo o cuidado e controle rigoroso necessário. Meu objetivo era de vender algo gostoso e seguro para esse público.

Desde a primeira semana, as pessoas começaram a pedir por cursos, elas queriam que eu ensinasse as receitas e eu tive que me estruturar para fazer isso que é o que eu faço hoje. Hoje, a Sam Cakes by Samantta Santos está focada em: ministração de cursos em turmas (cozinha na zona leste de São Paulo), individuais, e também serviço de consultoria com desenvolvimento de receitas sem glúten, treinamento para funcionários, adequação a legislação vigente e os cuidados com a contaminação cruzada. Com esse trabalho, pretendo levar as receitas, minha experiência, conhecimento e informação para que todos tenha acesso. Meu sonho é que um dia em qualquer esquina, seja possível comprar um produto sem glúten, assim como compra-se um produto tradicional, com glúten.

Adicionalmente, eu hoje trabalho por conta, sendo feliz na minha cozinha como eu era nos anos dourados, na minha adolescência, rsr. Gosto da palavra autônoma. Empreendedor está na moda, mas a palavra autônoma me fazer sentir mais livre, dona de mim mesma, da minha agenda, da minha vida, mesmo trabalhando horrores no início do negócio, claro! Estou naquela Vibe de: prefiro trabalhar 80 horas no meu negócio do que 30 no negócio de outra pessoa OU prefiro ganhar cinco mil no meu próprio negócio, em casa, do que dez mil no mundo corporativo (exemplo só, tá gente! Rsr) e o importante é que hoje estou feliz assim. É só o que importa, além da delícia de ir pegar a sobrinha na escola no final da tarde e ir passear no bairro em busca de um sorvete!!! E como li outro dia: “não podemos deixar de trabalhar, é certo, mas quem sabe possamos deixar o trabalho mais leve, menos extenuante, menos neurótico. Eu já decidi, meu dia tem 24h e o trabalho faz parte, mas não é tudo.”

Bom, por hoje é isso meus amores. Grande beijo da Sam e muito, muitíssimo obrigada por todos que me acompanham, interagem apreciam meu trabalho.

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